Olá amigos, calculo que tenhais aqui chegado, seguindo o convite e sugestão do meu irmão, o trapalhão do Alcino. Eu chamo-lhe trapalhão, já desde pequeno, que foi quando ele começou a andar com aquele ar aluado e sempre a falar em verso. Os meus pais diziam que ele era uma criança distraída, mas a professora da escola sempre soube que o meu irmão estava destinado a outros voos e até meteu uma cunha para ele ir para a Força Aérea, mas chumbou, por causa dos óculos.


Eu, como vêem, já desde pequeno que me deu mais para a História da Humanidade, a começar pela que vivia lá em casa, nomeadamente. E sempre o fiz na certeza porém. Como Dumas pai e Doutras filho, sempre persegui a verdade e não fui em comboios, nem mesmo depois de já os terem inventado.

E, como entrada, já chega de melão com presunto e vamos ao assunto.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Deuladeu, mas sem manteiga

Não senhor, está parvo ou quê, boa tarde amigos, sou eu.

Desta feita convido-vos a recuar a esse saudoso ano de 1369, tinha o rei D. Fernando saído para ir desancar os castelhanos, que já se estavam outra vez a esticar, andava a mulher do alcaide às couves, quando o castelo foi cercado pelo galego do Sarmento, um bêbado.

Até aqui é tudo verdade, o mesmo para a história que se dizia que o galego queria era conversa, mas como a mulher do alcaide não lhe dava troco, ele montou cerco à vila, de pirraça. A coisa prometia arrastar-se. Os galegos não tinham pressa e em Monção estava-se bem. Melhor que em Compostela, que aquilo no Verão não se pode, com os turistas. O problema era a comida. Não estavam habituados e estranharam. Começaram a refilar e a fazer birra, até que o Sarmento teve de pedir à Deuladeu que lhe orientasse, ao menos, uns papo-secos, que os homens não se estavam a dar com o caldo verde e alguns até já estavam com desinteria e a cheirar mal. A mulher do alcaide, que não era parva, teve uma ideia para se livrar daquela cambada e chegou-se à muralha e disse: “Toma lá croissants, oh palhaço, e se quiseres a mantequilla, vai pela porta da cozinha!”

E eles foram. Como a porta era estreita, tinham de entrar um de cada vez, o que era óptimo para a Deuladeu lhes dar com um chuço na nuca e pô-los a dormir, logo ali naquele instante*.

A coisa passou-se e eles nunca mais vinham e os outros pensavam que estavam na cozinha a alancar que nem galegos e deixavam-se ficar à espera de vez. Foi quando a Deuladeu voltou a subir ao alto da muralha e disse: “Olha, acabou-se a manteiga, podem-se ir embora!”. E eles foram.

E assim é que foi.

Boa noite.

*Locução célebre do não menos idem Júlio, o das Farturas

2 comentários:

Diga lá então de sua justiça!