Olá amigos, calculo que tenhais aqui chegado, seguindo o convite e sugestão do meu irmão, o trapalhão do Alcino. Eu chamo-lhe trapalhão, já desde pequeno, que foi quando ele começou a andar com aquele ar aluado e sempre a falar em verso. Os meus pais diziam que ele era uma criança distraída, mas a professora da escola sempre soube que o meu irmão estava destinado a outros voos e até meteu uma cunha para ele ir para a Força Aérea, mas chumbou, por causa dos óculos.


Eu, como vêem, já desde pequeno que me deu mais para a História da Humanidade, a começar pela que vivia lá em casa, nomeadamente. E sempre o fiz na certeza porém. Como Dumas pai e Doutras filho, sempre persegui a verdade e não fui em comboios, nem mesmo depois de já os terem inventado.

E, como entrada, já chega de melão com presunto e vamos ao assunto.

terça-feira, 7 de julho de 2009

onze anos depois...

Olá amigos, é o hermano do professor Saraiva quem vos fala. E queria nesta crónica falar-vos, precisamente, do início de tudo, do sublime acto criador, da cosmogonia deste mundo que é a história de Portugal aos quadradinhos. E limitar-me-ei aos factos, sem qualquer interpretação, porque isto não é o festival da canção:

Em 1122, era ainda D. Afonso Henriques chaval piqueno, o arcebispo de Braga, que dava pelo peculiar nome de João Peculiar, armou-o cavaleiro em Tui. Foi em Tui. Foi a primeira e a última vez que D. Afonso Henriques foi armado cavaleiro, porque daí em diante armou-se ele próprio em cavaleiro e foi até fartar, vilanagem! Na realidade, é a João Peculiar que devemos a nossa nacionalidade, porque foi ele que, quando foi expulso de Braga pela Dona Tareja, levou com ele o rapazola Afonso e o convenceu a fundar Portugal.

“Vossa mãe”, dizia ele ao rapaz, “é o que se vê, de tal maneira que os próprios historiadores não se põem de acordo sobre se vosso pai é vosso pai ou não. Os de agora, não, os que virão, que mais sabedores serão. O melhor que podeis fazer, D. Afonsinho, é fundar uma nação…”
“E se não for meu pai o meu pai, quem o será então?”
“Vosso aio, pois então...”
“O meu aio? Aio dele, se eu sei que ele pôs as mãos na minha mãe…”
“As mãos? Como sois ainda ingénuo, D. Afonsinho… E agora, parece que é o Fernão Peres… Ninguém a trava…”

Cinco anos mais tarde, Afonso Sétimo invadiu Portugal em Outubro, porque nessa época ainda não havia o costume, entre espanhóis, de invadirem Portugal pela Páscoa, e cercou Guimarães. Foi o aio (o talvez paio) do ex-petiz, Egas Moniz, que foi falar com o castelo-leonês e lhe garantiu que D. Afonso era certinho e que nem D. Teresa nem ele tinham razões para se preocupar. Mas era grupo. Logo passados poucos meses, o Afonso foi-se às tropas de mãe que nem leão (passe a expressão e a confusão que ela cria, pois que de Leão era a Teresa e não o seu filho) na Batalha de São Mamede. Chispa-te, Berengária Antónia, que o caso está feio, muita porrada levaram a Tareja e o Fernão!

Embora alguns historiadores identifiquem erroneamente o lugar da peleja com a localidade desse nome perto de Guimarães, a verdade é que o nome da batalha não tem nada a ver com o Campo de São Mamede, mas antes com o grito de guerra das tropas de Afonso Henriques: “A eles, que são uma merda!”. Como em tantos outros casos da nossa história, o proverbial pudor português depressa transformou esse injurioso grito de guerra no nome de um santo.

Mas deixemos isso agora. O que interessa é que, depois da vitória retumbante do Guimarães nesse espectacular desafio, Afonso Henriques assumiu definitivamente a chefia do Condado Portucalense, de que viria a fazer Portugal, paciência. Isto aconteceu 11 anos mais tarde, quando Henriques, veio a bufar cheio de speed dos lados do Casal Ventoso (ninguém sabe ao certo por quê, mas há muito quem especule…) e deu cabo dos Mouros em Campo de Ourique, ao pé do Jardim da Parada, que foi assim chamado por a mourama ficou toda parada a olhar para ele quando ele apareceu a bufar cheio de speed vindo do Casal Ventoso. Muitos historiadores afirmam que a Batalha de Ourique se deu antes no Alentejo, ou em muitos outros lugares, mas isso só mostra que não são de Lisboa, e muito menos do nosso querido bairro, senão não falavam assim. Mas pronto, depois da Batalha de Campo de Ourique à Estrela, Afonso Henriques fez uma declaração unilateral de independência, que o primo Afonso, esse grande Sétimo, acabou por reconhecer no tratado de Samora Correia, numa bela tarde de copos na cabana dos parodiantes de Lisboa em Salvaterra de Magos, a comer barretes e a beber tintinhos com mistura. Muitos historiadores postulam que este tratado foi assinado em Zamora, em Espanha, mas também por isso se vê que não são bons portugueses nem amigos da festa brava, porque Afonso Henriques, mesmo que estivesse com os copos, nunca assinaria tratados em Espanha e ainda menos numa terra começada por z. Isto de Samora foi em 1143, mas só passados 36 anos é que as Nações Unidas, na figura do seu Secretário-geral, Orlando Bandinelli, mas conhecido pela alcunha de Papa Alexandre III, reconheceram a independência da nova nação, a que, enfim, todos temos de pertencer, perdão, todos temos a honra de pertencer…

E foi assim. Foi assim que isto começou. Ah, mas nem sonhava ainda a neonata Portugalândia o que a esperava. E vós, sabeis o que a esperava? Não? Pois não percais então o terceiro capítulo desta emocionante aventura, brevemente nas bancas! Até lá, recebei um histérico abraço deste vosso histórico amigo, ou vice-versa,

Germano José Esse Magalhães Saraiva, o Hermano do Alcino

2 comentários:

  1. eh eh. desta vez achei graça. oh professor que putedo que ia naquela idade média, porra. ainda falam da malta de agora. feldrix!

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  2. Heródoto Ronaldo, historiador free lancer, de Coimbra B21 de julho de 2009 às 03:57

    admita-se que contém algumas interessantes hipóteses de investigação... revela, pelo menos, algum trabalho.
    continuo na expectativa.
    prossigam.

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Diga lá então de sua justiça!